Hoje, 28 de junho, é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Nessa data, há 54 anos, aconteceu a rebelião de Stonewall Inn, em Nova Iorque, quando frequentadorxs do bar homoafetivo decidiram enfrentar a violência policial. Símbolo da luta da comunidade LGBTQIA+ pelos seus direitos, o movimento se espalhou pelo mundo.
Mas mesmo passados mais de meio século, a homofobia continua sendo estrutural, retirando direitos e matando. E nesse caso, o Brasil ostenta a vergonhosa marca de ser o país com mais mortes LGBTI+ no mundo. Segundo dados do dossiê lançado em maio pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, no Brasil aconteceu um assassinato de LGBT I+ a cada 32 horas em 2022. Segundo dados parciais, entre janeiro e abril de 2023 já foram 80 mortes, mesmo estimando-se que esses dados estejam subnotificados.
Segundo o Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, esse quadro é alimentado por ataques organizados pela aliança entre grupos historicamente LGBTIfóbicos, políticos de extrema direita, milícias paramilitares e grupos neonazistas que ganharam força durante o governo anterior, líderes religiosos fundamentalistas, entre outros.
Pesquisa lançada pela Deep Digital LLYC agora em junho e que monitorou, entre 2019 a 2022, as mensagens de apoio e ódio contra a comunidade LGBTQIA+ nas redes sociais em 12 países, demonstrou que também neste ranking o Brasil está em primeiro lugar, com 37,67% do volume de mensagens de ódio a LGBTQIA+. Isso representa um decréscimo de 46,24% na comunidade promotora e aumento de 13,16% na comunidade opositora, que aumentou na reta final das eleições de 2022.
Entre as pautas de promoção e apoio no Brasil estão a marcha do orgulho, promoção do respeito pelos direitos, sentimento de esperança com o novo governo e denúncia de violência a mulheres trans nos presídios. Entre as narrativas opositoras, a adoção de crianças por LGBTQIA+, ideologia de gênero, supostos privilégios de LGBTQIA+.
Apesar de nunca ter existido uma lei contra a homoafetividade, de desde 2019 termos lei contra a homofobia, de realizarmos uma das maiores paradas LGBT do mundo com demandas por acolhimento, respeito, direitos e equidade, a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres e homens trans, pessoas transmasculinas, não binárias e demais dissidências sexuais e de gênero se mantém, assim como a negação de seus direitos, taxa de empregabilidade menor em relação a cis-heterossexuais, probabilidade de estigmatização, humilhação e discriminação maior em serviços de saúde, agressões físicas e verbais, negativas de fornecimento de serviços e tentativas de homicídio. Essas violências acontecem em diferentes ambientes – doméstico, via pública, cárcere, local de trabalho etc.
Esse enfrentamento precisa ser constante, diário e de todas, todos e todes nós!
Link para o dossiê. https://observatoriomorteseviolenciaslgbtibrasil.org/dossie/mortes-lgbt-2022/
Link da pesquisa da Deep Digital LLYC: https://encr.pw/N8akl
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